Sem Falcao García, Colômbia testa ataque contra a muralha grega
Famosa por seus jogos com poucos gols, a Grécia sonha em surpreender os colombianos que jogam o Mundial sem o seu principal jogador
Uma seleção que entrará em campo sem o seu grande jogador, justamente um dos principais atacantes do futebol mundial. Outra que faz poucos gols, mas que sofre menos ainda. É este o cenário do duelo entre Colômbia e Grécia, que abrem o Grupo C da Copa do Mundo neste sábado, às 13h (de Brasília), no Mineirão.
Responsável por um terço dos gols dos sul-americanos nas eliminatórias nove dos 27 dos “Cafeteros” na campanha até a Copa , Falcao García ficou fora da lista final de Jose Pekerman no último minuto. O jogador do Monaco não se recuperou a tempo da cirurgia a que foi submetido após romper os ligamentos do joelho esquerdo, e a esperança colombiana agora reside em Carlos Bacca, 13º colocado na tabela da artilharia do último Campeonato Espanhol. Marcou 14 vezes com a camisa do Sevilla.
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O corte de Falcao foi um trauma que Pekerman pede que todos esqueçam. O técnico reconhece que foi o momento mais triste para uma Colômbia que volta à competição depois de 20 anos em sua última participação, em 1994, chegou aos Estados Unidos como uma das sensações, mas acabou caindo na primeira fase. Também por isso, ele prefere exaltar o que tem à disposição e deposita toda a confiança em Teofilo Gutierrez, Carlos Bacca, Jackson Martinez e Victor Ibarbo, seus homens de frente. Só não revelou quais formarão a dupla titular.
Eu acredito nesta seleção. Não posso negar que adoraria ter o Falcao conosco, mas estamos olhando para frente, estamos fortes para o jogo contra a Grécia disse o argentino Pekerman, que assume o papel de líder da família colombiana.
O treinador, aliás, faz questão de ressaltar que não vê a Grécia como adversária mais fraca do Grupo C, completado por Japão e Costa do Marfim. Na coletiva realizada na véspera do jogo, se esforçou ao máximo para não reduzir o primeiro rival a um time retranqueiro. Para ele, trata-se de uma equipe com “sistema de jogo diferente”.
Jogaremos com um time especialista, que tem um jeito muito definido de jogar. Temos que respeitar cada equipe e suas maneiras de jogar.
Mas os gregos devem mesmo se apegar à defesa para tentar avançar pela primeira vez às oitavas de final. Nos seus últimos 50 jogos, incluindo amistosos, em apenas três a seleção helênica sofreu mais de dois gols: contra Romênia (3 a 1, em 2011), Alemanha (4 a 2, em 2012) e Bósnia (3 a 1, em 2013). Mais na frente, o ataque liderado por Samaras é bem econômico. Na fase de grupos das eliminatórias europeias, a Grécia fez 12 gols em dez jogos 28 a menos que a campeã Bósnia, que teve a mesma pontuação num grupo sem nenhum bicho-papão: Eslováquia, Lituânia, Letônia e Liechtenstein eram os outros participantes.
Temos nossa forma de jogar, não mudamos muito. Temos de defender a nossa meta, não sofrer nenhum gol e marcar um. É o que basta resumiu o atacante Samaras, que atua no Celtic, da Escócia, involuntariamente concordando com o “sistema diferente” citado por Pekerman.
O técnico Fernando Santos não fez questão de esconder o sarcasmo à la José Mourinho ao ser questionado sobre a força do seu sistema defensivo.
No futebol não jogam apenas quatro jogadores. Nosso setor mais importante é a Grécia disse o comandante, numa prova da existência da “escola portuguesa de treinadores”.
E ter um ataque pouco (ou nada) produtivo não é novidade para os gregos. Em sua primeira participação numa Copa do Mundo, em 1994, a equipe foi eliminada após três derrotas e nenhum gol marcado. Na segunda, em 2010, na África do Sul, venceu a Nigéria por 2 a 1, mas perdeu as outras duas partidas também sem balançar a rede: para Coreia do Sul e Argentina.
Na Eurocopa de 2004, seu único título de expressão, a Grécia foi campeã com sete gols em seis jogos. Venceu pela contagem mínima a França (nas quartas de final), a República Tcheca (semifinal) e os anfitriões portugueses na decisão. Daquele título, há apenas dois remanescentes: o zagueiro Katsouranis, 34 anos, e o volante Karagounis, 37. Nenhum dos dois têm lugar cativo entre os titulares, mas o segundo é o grande líder do elenco. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, ele se mostrou incomodado com o fato de os críticos darem pouca moral para os gregos e garantiu: “A Grécia pode surpreender”.